Seduzidas pelo Amor apaixonado

Testemunhos vocacionais

80 ANOS DE VIDA DA MADRE IMACULADA

UMA CHAMA QUE SE ACENDEU

Fui sempre uma jovem vaidosa, comum como todas as demais de minha cidade.

Dos quatorze aos dezoito anos vivi com intensidade os valores cristãos de bons católicos, como: participação nas santas missas, bênçãos do Santíssimo, novenas, Congregação Mariana, etc. Mas por outro lado, também tudo me encantava, os bons divertimentos, matinês, festas, bailes (esse era o meu preferido), festas de casamentos e, quando a sanfona começava a funcionar, era impossível a gente não se por a dançar.

Tive vários pretendentes, por onde o bom Deus começou a dar sinais na minha vida. Sempre que me sentia atraída, logo ficava decepcionada. E assim procedendo por longos anos, num tríduo de carnaval, participei de um retiro das Filhas de Maria na minha Paróquia. Comecei a me sentir bem naquele clima de silêncio, oração e fui rezar na grutinha de Nossa Senhora de Lourdes, que papai havia construído no quintal. Foi ali que Jesus me pegou. Foi ali que tudo aconteceu. Senti no fundo da alma que Jesus me chamava para a Vida Religiosa. Era como se uma chama acendesse dentro de mim. E agora, para onde ir, por onde começar, com quem falar. O Bom Deus faz o chamado, mas nos deixa a liberdade. Agora a tarefa é minha corresponder ou não. Mas no fundo da alma Ele continua manter a chama acesa. O dom é d'Ele! É uma força que nos empurra a caminhar, uma luz que vai clareando o caminho e discernindo os rumos a enfrentar. Nunca havia me ausentado da minha família, mas não hesitei um momento em partir em busca daquilo que meu coração sonhava: realizar o dom do chamado.

Uma jovem da minha cidade havia partido para a Congregação das irmãs de São José de Chamberry, em Curitiba. Achei que era ali também que o Bom Deus me queria. Como foi bom ter conhecido essa Congregação. As Madres e as Irmãs, todas tão queridas, alegres e felizes, me acolheram com muito carinho. Éramos em número de oitenta no noviciado, com uma Mestra muito virtuosa e santa: sentia-me muito bem. E assim fiz o meu postulantado, noviciado e juniorato por três anos, sempre num clima de silêncio, oração, vida de comunhão fraterna aconchegante e alegre. Comecei então a assumir trabalhos envolvidos com as alunas internas, pois ali era também Colégio: Colégio Cajurú. Tinha a responsabilidade da turma do 3º ano, que por sinal até me saia bem. Zelar pelas salas de estudo, vigilância nos recreios das alunas, acompanhar as mesmas nos ônibus do Colégio, que diariamente ia pela cidade, recolhê-las e também devolvê-las às suas famílias. Isso era o dia a dia do Colégio. Comecei a sentir nostalgia... Saia da sala de aula e me refugiava na Capela junto ao Sacrário e desafogava a minha dor, dizendo: "Senhor, não é bem isso que eu queria; não estou me sentindo bem aqui..." Em outro momento procurei a capela do noviciado que era mais recolhida, silenciosa e ali diante do grande Crucifixo, de imediato cai num amargo e dolorido choro, pois estava diante daquele que me encantava. E dizia novamente a Jesus: "Jesus, não estou bem aqui. Quero algo que me leve mais para dentro da tua intimidade, da tua contemplação." E então Jesus se fez sentir mais uma vez no meu coração com as palavras: "Te espero na Clausura". Aquela mesma chama que Jesus acendeu em mim, no primeiro chamado, permaneceu sempre comigo, incentivando e motivando a caminhada, mas nessa hora ela recebeu novo ardor, crepitava dentro de mim, abrindo caminho, superando obstáculos e me conduzindo enfim ao rumo certo.

Pedi, então, orientação para a minha ex-Mestra de noviça, que me acolheu com carinho e me disse: "Há pouco tempo, também partiu uma vocacionada daqui para a clausura das Monjas Passionistas em São Paulo". Isso me deixou fascinada e então entramos em contato. Tive que aguardar o tempo necessário em que espirava o término dos Votos Religiosos na Congregação de São José, pois era ainda juniorista. E então parti para São Paulo, para o Mosteiro Santa Gema das Monjas Passionistas. A comunidade toda me aguardava à entrada do Mosteiro. Fui acolhida com tanto carinho, pois era Jesus mesmo que me introduzia para dentro do seu Carisma, o Carisma da sua Paixão. Enfim, encontrei o meu lugar dentro da Congregação da Paixão de Jesus. Estava com meus 25 anos e com muito ardor no coração para me doar prá valer.

Lembro-me que um dia estava passando escovão nos corredores com tanto fervor que, passando por ali a querida Madre Gema, me disse: "Minha filha, não se mate tanto!" Ao que lhe respondi: "Madre, eu tenho que sentir que estou me gastando para Jesus!"

Logo que entrei na clausura, realmente me senti bem. Não obstante as pequenas dificuldades de adaptações. Mas no fundo da alma Jesus me dizia: "É aqui o teu lugar!" Tudo eu enfrentava, tudo superava, mas tudo me encantava também. Comecei a entender que o Carisma da paixão muito me fascinava e me levava naturalmente a assumir pequenas renúncias, pequenas mortificações, levar uma vida ascética de doação, de despojamento, de esvaziamento de mim mesma, para me voltar mais para o outro, de viver a pobreza, ater-me apenas ao essencial, o necessário e nada mais. Tudo isso era como uma opção de vida, pois tudo isso e muito mais era o que nos ensinava o Crucificado, como fala o Papa Francisco: "Não tenhais medo de viver a alegria evangélica segundo o vosso Carisma!" Para mim, isso sim tinha sentido numa vida de clausura. Vou dispensando muito coisa acessória que me detém prendendo o afeto do coração e que não me leva a nada.

Jesus vai se tornando, então, o essencial da minha vida. Ele me satisfaz, me plenifica, me encanta, me fascina. E com São Pedro direi: "Senhor, como é bom ficar aqui!" (Mt 17,4). O seu amor não tem limites e eu também quero retribuir-lhe e vou travando batalhas contra o meu ser pecador e egoísta, carente e mau. Cresce em mim a necessidade de me identificar com Ele, de estar com Ele, de me aprofundar n'Ele. Quero crescer numa fé adulta e operosa porque sei em quem confio e então começo a alargar o meu espaço interior para abrigar todas as necessidades e atividades da Santa Igreja, dos irmãos que sofrem, dos desempregados sofridos e abandonados da sociedade. Mas para que eu me torne útil de alguma maneira a todos os que suplicam orações, devo sem dúvida, estar bem enxertada em Cristo Jesus, pois "sem mim nada podeis fazer": então sim posso me tornar uma benção para a Igreja, para o mundo e para os irmãos e minha vida de enclausurada, deste modo, alcançou a meta. E Jesus como o Esposo preferido, vai se apossando de todas as brechinhas do meu coração, da minha vida e me plenificando de suas alegrias, de sua felicidade que não tem preço aos olhos desse mundo, mas me torna capaz de desejar e apressar o dia do Encontro definitivo tão esperado.

Obrigada, Jesus, por tudo o que fizeste por mim, pela alegria e motivação constante que implantaste e conservaste no meu coração, desde o dia em que acendeste em mim a chama do teu chamado, nos meus dezoito anos e com profunda gratidão e alegria aqui cheguei, com os meus setenta e oito anos.

Sou muito agradecida ao bom Deus, à minha incomparável Mãe, a Imaculada, companheira inseparável da minha vida e a todos os que desempenharam o papel de Anjos na minha vida. O bom Deus abençoe a todos.


Ir. Andréia

"A vocação é uma terna compreensão do amor benevolente de Deus.

O que digo de Maria? Sem Ela eu nada seria: Ela é a minha advogada, que me guia."

MADRE IMACULADA

Ir. Cleonice

Ir. Natália

"Vale à pena seguir Jesus.

Sou muito feliz!"

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora